Gracias, Sport Club Internacional

Hoje acordei silencioso. Abri os olhos com um leve sorriso no rosto e com um sentimento de plenitude. Finalmente chegou o dia que esperava há muito tempo...
Procurei na internet tudo que encontrava a respeito. E um maldito nó na garganta que perdurou pela semana toda... Ah, Inter, parabéns !

Confesso que não sei como se dar parabéns a uma filosofia de vida. A uma razão de viver. Sou tão pequeno perante a ti.

Este está sendo o texto mais difícil que escrevo. Cada palavra vem seguida de milhões de pensamentos, mas afogados por lágrimas de agradecimento e nostalgia de um passado glorificado pelos feitos dantescos de teus fiéis seguidores.

Caro Poppe, esteja onde estiver é impossível que não estejas orgulhoso da tua maior obra em vida. Saiba que oito milhões de colorados ostentam orgulhosos o manto rubro neste dia. Que o brasão nele carregado nunca foi tão encarnado na alma. Abençoada seja a pena que rubricou aquele santo documento em 4 de abril de 1909.

Não testemunhaste aqui o Rolo Compressor e uma nova forma de ver o futebol no sul. Perdeste a criação de um futebol vistoso, que combateu a virilidade ostentada em outras cores. A arte suplantou a ignorância através de uma armadura vermelha, como o sangue derramado para erguer esta província. Mas teve muito mais. Lá de cima viu apaixonados trazendo tijolos e o pouco que tinham para erguer um templo à beira-rio. Desafiamos o improvável para mostrar o que uma paixão poderia fazer. Desdenhado por muitos mas não por nós, mestre Poppe.

Muchas gracias a Falcão, Larry, Bodinho, Tesourinha, Figueroa, Tinga, Fernandão... Muitos não vi jogar, mas foram as sementes que semearam este amor incondicional que vem de geração a geração. Gracias ao coloradismo de meu pai, de meu tio, que desde cedo me ensinaram que aquilo não se tratava de um simples clube de futebol.

Sofri os golpes de uma geração em agonia. Mas tudo isso não foi em vão. Um de teus mais ilustres filhos, Luis Fernando Veríssimo, foi muito feliz em analizar que este passado foi meramente prólogo ao que viria. Graças a Deus vi a conquista da América ajoelhado em teu templo. Vi o império catalão cair diante de guerreiros rubros com o resto de suas forças. E tudo isso tão próximo de teu aclamado centenário. É... tuas maiores glórias vieram aos 44 do segundo tempo. Nenhum escritor ousaria imaginar história tão magnífica.

Após escrever, levantarei silencioso, sacarei as lágrimas que lavam minha alma de alegria e olharei o horizonte. Muito ainda há de vir, e como em todas as tuas conquistas, muito há de sofrer também. É a nossa sina... adorável fardo.

Obrigado Sport Club Internacional